03/02/2012

Me conte por aí.

 Eu esperava o momento certo para dizer aquele cara do balcão da padaria pra caprichar no meu pedido. Ele sempre entendia errado, fazia pouco caso do que eu dizia. Quando chegava em casa, só ouvia reclamações. Caroline nunca faz isso direito pra cá e pra lá. Minha irmã olhava para o espelho que ficava no fim do corredor da sala e imitava as reações da família. Eu ria dela toda vez que ela fazia isso. Mas apesar de tudo isso, porque era o que sempre acontecia, eles nunca me impediram de ir na padaria.
- Capricha mais dessa vez, moço. - eu pedia, com os olhos suplicantes. Mas toda vez ele sorria fininho e voltava com minha sacola sempre igual. A reclamação não parava nunca.
Um dia, eu estava voltando de umas das minhas caminhadas e passei em frente a padaria.
- Psiu. - alguém disse, e quando olhei, espantada, era o moço dos pães. 
- Não vai querer pães hoje, guria? - ele perguntou. E então espiei pelo meu óculos desajustado que seus olhos brilhavam de uma maneira estranha. 
- Não moço. Hoje não. - E fui, mas aí ele me seguiu. Andava com um violão na mão, as unhas bem cuidadas,  tinha uma tatuagem no antebraço que até aquele minuto eu nunca havia reparado.
- Então. Eu especulei lá pela cozinha, que eu não posso caprichar somente no seu. Ele disse que eu estaria privilegiando apenas uma das clientes. - dizendo isso, suspirou e começou a dedilhar seu violão. E eu sabia que som ele estava querendo tirar dali.
- Você gosta de Kid Abelha? - pergunto.
- Algumas músicas são bem interessantes. É, acho que gosto sim. - ele sorri. - Olha, vou caprichar nos seus pães da próxima vez.
- Ah, meu nome é Caroline e o seu?
- Marco, mas não conte a ninguém, nem meu nome, nem esse favor que irei fazer pra você. - e sai andando, ainda dedilhando seu violão.
 Nas semanas seguintes seus olhos pareciam brilhar ainda mais e as reclamações em casa pararam. E em todas as voltas das minhas caminhadas, ele costumava me seguir até uma rua próxima da avenida em que eu morava. A gente acabou se acostumando um com o outro. E acabamos andando de mãos dadas sem perceber. 
 Foi numa dessas minhas voltas que ele se inclinou um pouco pra mim.
 - Não vou fazer isso se a primeira coisa que você vai dizer depois é "não conte a ninguém". - soltei. Pois tudo que ele dizia parecia ser segredo. Tudo. Até seu nome ele pediu pra mim não contar a ninguém.
- Não se preocupe. Porque isso, eu vou querer espalhar aos quatro cantos. - e completou seu percurso.
 Até hoje Marco tem a mania de me pedir pra não contar nada a ninguém. Mas eu, eu ele sempre espalhou por aí...

3 comentários:

Jeniffer Yara disse...

Ooown,que lindinha a história. Quem diria que o moço da padaria poderia se tornar alguém tão especial?! rs'

Beijos ><

Jefferson Reis disse...

Que fofo, eu li ouvindo Backstreet Boys.

Anônimo disse...

seguidora numero 100! kkkk

tava vendo outros Blogs e encontrei o seu
gostei muito daqui
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estou te seguindo
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