04/01/2011

Mentir?!

Eu vi ela. Aquela garota que namorava ele. Mas não estava com ele, estava com outro. Pegava de leve a mão desse e ria como apaixonada. Não liguei, poderia ser um amigo. Segui meu rumo, despedindo-me da visão que tinha dela, mas antes eu vi, vi eles se beijarem. Um beijo tão doce, assim como ela o beijava. Damen. Desviei e segui em frente. Eu sentia raiva, raiva por ela, raiva por mim.

 Eu o encarava com um sorriso amarelo. Ele estava com seu cabelo levemente bagunçado e sorria pra mim, falando Dela.
 - Não seja tão meloso. - disse a ele, que começava a exagerar nos elogios a ela. Seu sorriso desapareceu, dando lugar a um misto de arrependimento e vergonha. Era sempre assim que ele ficava.
 - Você sabe que ela é tudo isso. - uma raiva oscilava em minha garganta. Se ele soubesse.
 Me despedi abraçando-o. Ele tinha cheiro de terra molhada pela chuva, forte, marcante, sensitivo. Passaria muito tempo longe...
 - Você vai voltar. Não vai, Lisa? - ele disse ao meu ouvido. Pressionei mais seu corpo contra o meu. Eu sentia falta disso e sentiria mais, pois eu não voltaria.
 - Sim. - menti e recuando fui embora.

 Seis meses. E a imagem dela com outro ainda produzia-me raiva. Recentemente ele havia me ligado, mas nunca sabia o que falar. O estranho é que não falava dela, Felycia. Será que ele já sabia? Um brilho de esperança surgiu em meu coração. O telefone tocou. Era ele...
 - Eu sinto sua falta. - foi o que disse repetidas vezes antes de eu poder respondê-lo.
 - Como está Felycia? - perguntei.Silenciando-o. Parecia medir as palavras. Respirava devagar. Fechei os olhos, aquele som me trazia paz.
 - Com outro. - foi a única coisa que respondeu.
 - Eu já sabia. - conclui, alto demais, ouvi seu choque, até podia imaginar sua expressão. - Desculpa.
 - Preciso ver você. Hoje. Estou aqui, em frente ao seu endereço. Esperando-a. - meu coração vacilou, o martelar machucava-me o peito. Desci rapidamente as escadas, largando o telefone, fui em direção a ele, meu estômago dava giros. Ele estava ali. Abracei-o. O mesmo cheiro.
 - Você mentiu pra mim. - arregalei os olhos e ele apertou-me mais. - Você disse que voltaria. - bufei, revirando os olhos. Apesar daquilo, eu não poderia mentir para ele.
 - Eu já sabia. - falei, saindo de seus braços. - Sobre ela. Tinha visto. - não conclui, balançando a cabeça.
 - Eu sei. Eu também vi. Vi você e ela...com ele. - fiquei confusa.
 - Mas, você, eu, nós falamos dela. Você...ah, esquece. - ele ria da minha habitual confusão com explicações. Apenas o encarei, odiando-me. Ele se aproximou e me beijou. Me beijou, seu hálito quente invadindo-me.
 - Mas eu já havia terminado com ela. Porque eu descobri uma coisa. - ele me beija outra vez. - Eu descobri você no comando do meu coração. - eu chorei, não importava se ele estivesse vendo. Chorei por mim. Ele enxugava as lágrimas com seus lábios.
 - Me desculpa, por não contá-lo. Por mentir. Mas você mesmo disse que eu não deveria me meter. Eu cumpri a promessa. Você não. Você disse que a amaria pra sempre. 
 - Mas eu cumpri. Só não sou apaixonado por ela. Sou por você. Então promete me amar pra sempre? 
 - Humhum. - neguei com a cabeça. - Nada de promessas. O importante é o que sentimos, no fim você descobriu, sem precisar avisá-lo. Você descobriu também que me amava. - ri em meio as lágrimas que ainda caiam. Nos abraçamos forte.
 O destino faz seu próprio caminho, eu apenas segui o meu. Com isso descobri que a verdade aparece. Mesmo que você omita, ela aparece.



2 comentários:

Nina disse...

Adorei a história! Mil beijinhoos!

Jes disse...

Amei a história.

Bjsss