14/02/2012

Café amargo

 Pietra gostava de sentar na cafeteria próxima a sua casa, observar a movimentação na rua. De vez em quando suspirava forte, como se tivesse esperando alguém chegar de rompante. Alex gostava de observá-la do seu local de trabalho.
 Sempre bela, Pietra usava perfumes fortes e marcantes, mas não tirava os olhos da rua, muitas vezes não pedia nenhum café, apenas ficava sentada lá.
 Alex, teve ousadia da última vez e sentou ao lado dela, tentou conversar.
- Espera alguém, moça?
- Não. - respondeu curtamente. Os olhos castanhos quase mel de Alex a deixaram tonta por um minuto, depois seus olhos já estavam novamente na rua.
- Posso parecer meio evasivo, mas sempre a observo sentar aqui todos os dias e olhar para a rua, como se esperasse alguém. E acho que ainda espera. - ela olhou duramente para ele. Pensou demais, suspirou forte e baixou o olhar, pegou em seu colar, deslisando o dedo sobre ele.
- Ano passado, todas as manhãs eu costumava vim aqui com o Caio, tomávamos capuccino e saíamos na rua reparando nos detalhes. Até que em uma manhã, ele não apareceu, eu achei que estivesse atrasado, ou algo tivesse acontecido com ele. E isso foi acontecendo nos dias seguintes. E acho que a culpa veio em seus ombros e começou a me ligar que tinha acontecido algo e não podia ir. Até que um dia ele disse que estava doente, acho que era apenas mais um pretexto para não estar lá, aqui, quero dizer... sempre esqueço que permaneço aqui. Nos outros dias ele não me ligou, e eu também não liguei para ele, já estava cheia e a desconfiança ganhava lugar.
- Isso quer dizer que ele a deixou? - Alex, perguntou rapidamente. Ela o olhou duramente.
- Olha, caso queira mesmo saber se espero alguém, não me interrompa. - Pietra suspira, sentindo o vento frio bater em suas pernas. - Comecei a não vim mais aqui nos restos dos dias seguintes. Até que meu meu telefone tocou, e indicava seu número, eu estava pronta para desabafar toda a raiva quando alguém me deu a notícia. Caio havia morrido na noite anterior de pneumonia, eu não quis acreditar. Não mesmo. Não fui no seu enterro, muito menos sei onde fica seu túmulo.
- Desculpe. - Alex se recosta na cadeira ao lado de Pietra e ambos ficam calados por alguns minutos, até que Pietra fala.
- Sinto muita saudade, essa é a verdade. Caio era muito mais que meu namorado, era meu amigo. Eu ainda não acredito que o perdi, e se continuo a olhar a rua, se pareço esperar alguém toda manhã, acredite, é ele a quem espero. É com ele que quero tomar um capuccino.
- Me desculpe. - Alex repetiu.
- Não se desculpe, não é sua culpa. Nem tão pouco minha. Ele omitiu tudo aquilo por querer me poupar, agora entendo, mas... ele deveria ter falado, pelo menos eu estaria menos iludida.
- Você quer andar um pouco? - Pietra, olha novamente Alex de cima a baixo, deslisa novamente os dedos sobre o colar. Olha para rua, balança a cabeça e sorri.
- Claro, mas antes poderia me dizer qual o seu nome?

3 comentários:

Rodrigo Santos disse...

Gostei *-*
Sério, coitada. Uma frustração, depois uma notícia terrível, depois outra frustração por achar uma coisa e saber que ele só tava querendo protegê-la do sofrimento ><
Confusão na mente...

Rick" disse...

Ai cara. Me sentir triste, é serio. Sei lá, ele não voltou. E, eu pensava que ela se sentiria mais trite. Não sei por que, mais achei ela um pouco não sentimental entende? Apesar dela esperar tanto por ele. Gostei tanto. E, moça, belo texto. Bjws"
Até logo. E visita?

Roberta Galdino disse...

oii
tava vendo outros Blogs e encontrei o seu
gostei muito daqui
o conteúdo é ótimo
estou te seguindo
me visita e segue se gostar?!

http://rgqueen.blogspot.com/

beijos