02/11/2011

17 de Novembro, tanto tempo depois.


As palavras cruzadas no calendário que você me deu de presente, ainda estão lá, um pouco apagadas, mas ainda permanecem lá. Você dizia que voltaria, escreveu com todas as letras "eu volto". Teu beijo de despedida ainda está impregnado na minha garganta.
 Toda noite de insônia eu penso em te escrever , eu penso em te dizer que o tempo passou levando-te junta em partes, quando amanheço, não importa qual corpo esteja ao meu lado, é do teu sorriso que eu lembro, é ele que define como vai ser meu humor. Então eu me pergunto, que eu fiz pra merecer isso? Que eu fiz pra te perder entre as palavras mal escritas nas cartas trocadas? Que eu fiz pra você ter sumido assim, sem mim, me deixando?
 Jullie, teus olhos verdes me perseguem pela rua, teu riso me entorpece nas noites no bar, e a maneira como eu balanço a cabeça quando toco minha guitarra me lembra de você gritando quando eu bati no teu amigo. E como você beliscou meu pescoço quando entrou naquele ônibus, isso, isso... é único, não tem nada que me lembre disso.
 Eu ainda deito e fico lidando com o sudoku que você me deu de presente, juntamente com o calendário, eu só completei dois, porque todo esse raciocínio me dá dor de cabeça e eu nunca fui tão inteligente como você. Tem dias que eu escuto um carro buzinar na rua e corro pra ver se é você chegando. Sempre é um vizinho chato que esqueceu o alarme ligado, ou porque vai a praia. Nunca é você.
 O rádio permanece ligado no mesmo local que você deixou, e dia sim dia não passa aquela música, Trouble deve ser o nome dela. E eu me pergunto se a música, a letra dela, é você me deixando uma pista, me respondendo o porque de você ter ido.
 Volta. Volta. Eu te quero aqui. Não importa quantas almas conheci, a minha só se sente bem com a tua. Volta. Volta. Por favor. As palavras estão me corroendo, os lábios estão secos, estão famintos de você. Volta. Eu preciso de você. Eu preciso que você faça comigo o sudoku, que marque as datas no calendário, que deite comigo, que reclame do som alto, que derrube minha guitarra, que xingue os vizinhos por as buzinas.
 Por favor, volta. Eu ainda permaneço em ti.

2 comentários:

Ana disse...

Olá Elania!
Eu vim parar ao seu blog por acaso, mas estou encantada com os seus textos e desabafos. São palavras tão profundas e reais que quando as lemos parace que estamos dentro do próprio texto. Mtos parabéns. Espero que tenha sucesso na vida.

Elania Costa disse...

3º lugar / 92º Edição Musical ; Bloínquês;