Não é que seja necessário eu explicar o que houve, apenas aconteceu. E aja o que houver eu vou guardar comigo isso tudo.
Eu esperei muitos anos para escrever-te e decidi, por fim, escrever na nossa data. Não é que seja precipitado minha razão para escrever, é que já é tarde, para mim poder explicar o "nós".
Eu lembro daquela tarde na praia, em que o céu estava nublado, os amigos do lado, escutando aquela música de sempre, tomando alguns drinks. Então eu inventei de entrar no mar, com roupa e tudo, ensopei meu tênis favorito, borrei minha maquiagem e aquela roupa ridícula ficou grudada no meu corpo. Eu demorei pra subir em uma onda, fiquei sentindo a sensação de estar debaixo d'água, deixando apenas o som de bolhas ao meu redor me envenenar e o mar me embrulhar, você apareceu me puxando, me tirando o ar que restava, engasguei, te empurrei , te chutei.
E então você solta sua pérola pra mim "Sabe qual é o problema do Iceberg? De longe, só vemos a ponta dele."
Acho que você nunca chegou a se perguntar porque naquele momento eu bati em sua face, eu vou te responder agora, porque eu odiava como aquilo era verdade, era um fato, eu era seu iceberg, você era o meu. Eu tentei te descobrir, eu tentei te excluir...
E passando os dedos por minha caligrafia nessa carta, eu me pergunto "Por que naquele momento eu não te beijei?". Sei lá, às vezes o amor faz disso, me deixa no escuro, minha barriga parece querer voar e só você no pensamento.
Tivemos nossa história, nossos momentos, nossas risadas, nossos beijos, nossos porres, nossas burradas. Você esteve no meu lado todo esse tempo e eu não percebia, eu não percebia que aqueles beijos que você me dava era apenas o amor recíproco que você sentia por mim.
Perdoe-me Ben Moore, Moore. Já pensou o porque de seu nome ser tão estrangeiro...eu sempre penso nisso.
Perdoe-me por tê-lo feito bater de frente com o iceberg. E vendo minha filha correr pela casa, eu penso, se isso não tivesse acontecido, eu não a teria. Você sabe que esta carta não acabará triste, porque eu te vejo voltando da cozinha, trazendo pipoca para Lilly e aqueles olhos azuis me encarando, você sabe como terminou aquela tarde. Porque naquela tarde os icebergs se quebraram e só restou água fria e pronta para se misturar ao mar. Como eu a você. Eu te amo.
De sua gata borralheira, Ivy.
2 comentários:
Nossa Elania, esse foi o texto mais lindo que eu li esta semana. Sério mesmo, muito lindo. Que bom que o final foi feliz e os Icebergs se foram ...
Beijos.
Que lindo seu texto, ele tem muita sensibilidade e um imenso amor. O amor é tudo nessa vida. Que bom que os icebergs se quebraram.Gostei muito de conhecer seu blog. Voltarei mais vezes e vou seguir-te.Convido a conhecer meu blog. Um Abraço!
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