16/01/2011

Verdade ilícita - pt. 1

 - Por que você não me deixa em paz? - gritei para Júnior. Ele segurava a porta do elevador e me olhava de um jeito lacônico.
 - Você sabe porquê. Já estou cansado disso também... Posso subir com você? - fiquei tentada a aceitar, virei meu rosto. Aqueles olhos verdes não podiam me comover. Não agora.
 - Não. - respondi secamente sem olhá-lo.
 -Boa noite Sally. - ele solta o elevador e o ar me compressa. Sinto o aperto no peito. Aperto o botão 10. Estava cansada, cansada da noite, do jantar, os saltos me incomodavam.
 O apartamento estava com cheiro de mel, respirei fundo e retirei os sapatos, afrouxei o nó em meu cabelo, meus olhos já pesavam. Não queria fazer nada.
 - Boa noite Sally. - despertei-me alerta. Filiphi olhava meu vestido aberto na fronte, enrolei-me no casaco.
 - O que você faz aqui? - a raiva subia minha cabeça
 - Desculpe. Como foi a noite? - disse com seu sorriso irônico. Aqueles olhos flamejaram desejo.
 - Acho melhor você ir embora. - falei, caminhando em direção a meu quarto.
 - Não entendo como pode estar cansada. Você está morta. - estremeci. O gelo na sua voz fez meu coração bater mais forte. Me voltei para ele e senti meus pés voarem, agarrei seu pescoço.
 - Já disse. É melhor você sair daqui. - ele desapareceu, levantando uma lufada de ar frio.
 Encaminhei-me novamente para o quarto. Retirei as roupas e encarei-me no espelho. Aquela pele, aquele rosto podia ser eu, fui eu...algum dia. 
 - Já disse como você é bonita? Ah! Já. Quando éramos noivos e viviamos juntos. - arrepiei-me.
 - Você não deveria está aqui, Filiphi.
 - Sally... É no sono que você consegue seu poder? O meu é diferente. Eu consigo poder destruindo vidas. - encarei seus olhos através do espelho.
 - Não é pelo sono. São pelos sonhos possíveis e impossíveis. Não sou você. - peguei a lingerie verde musgo que estava dependurada no abajur e me vesti, deslizando o tecido fino em meu corpo.
 - Que engraçado. Você constrói vidas e eu as destruo. - Ele ri de uma maneira que desperta instintos meus adormecidos.
 - Seu sangue também serve. - digo e repuxo um sorriso em meus lábios, fazendo aparecer as marcas finas que se aprofundam em minhas bochechas.
 - Meu sangue. Que tentação pra você. - seus braços envolvem minha cintura fazendo meus pêlos se eriçarem.
 - Não sou vampira. 
 - Eu sou. 

Nova estória, é, eu sei, tô adiando "Mais uma música", mas não esquentem, está próximo de sair a próxima parte, beijos e queijos pra todos.

2 comentários:

Jean Almeida disse...

Um diálogo interessante.

Rodrigo Santos disse...

Enfim. Tempo para ler essa estória que me despertou a curiosidade.
Vamos ver o que nos espera na parte 2 *-*