04/11/2010

Despedida Inconformada.


Londres, 19 de Dezembro de 2015.

 Oi!
 Desculpa. Pensei em ser amistosa, porque o que vou dizer é bem difícil. Acho que você deve se lembrar do verão passado. Como não?! Bom, estou escrevendo isto no velório do meu pai, e vejo você sentado ao lado da minha prima.
 Gerson, eu te amo, quero que não esqueça isso depois do que vou dizer aqui.

 Eu me lembro de uma noite em que eu fui visitá-lo. Seu pai estava lá, sentado no sofá e gritando insultos contra você. Sentia sempre minha garganta se fechar nesses momentos, corria até você e tampava seus ouvidos, você sorria e me beijava. Seu pai era a pessoa mais próxima a ti, mas simplesmente te odiava. Por um motivo que você também sente, uma parte da vida de vocês acabou no dia em que você nasceu. O que sua mãe falaria disso tudo?
 Na noite da morte dele, nós tínhamos acabado de terminar. Chovia forte e eu estava em frente a sua casa, chorando. Seu pai chegou e me mandou entrar. Eu o acompanhei, mesmo contra a minha vontade. Quando aquelas palavras odiosas contra você saiam da boca dele, meu corpo tremia de raiva. Foi então que, naquele momento, eu o matei. Sim. Matei seu pai...
 Este é o meu segredo. Falando assim até parece que não me arrependo. Mas sim, todos os dias eu me arrependo. Você deve se lembrar que liguei para a emergência, o acordei, mas não disse nada. Foi então que a perícia descreveu a história e eu apenas confirmei, apesar de que foi eu que enfiei a faca, eu não havia tentado tirá-la.
 Me perdoa por matar a outra metade da sua vida.
 Agora, vou colocar esta carta na sua mão. Me despedir da minha mãe. Vou pra casa, pegar a arma que está dentro do guarda-roupa e enfiar uma daquelas balas, que meu pai sempre polia, na minha cabeça.
 E disso eu não vou me arrepender. Tenho que pagar por este segredo.
 Mas, por favor, não esqueça do que eu disse. Eu te amo e vou amá-lo até o fim. Peço-lhe que cuide da minha mãe, ela necessita disso.
 Vou juntar-me aos nossos pais...
Com amor, Georgina, que agora jaz morta.
Bloínquês -Nota : 9,66
Creativité - Nota: 9,5 - 2° lugar

4 comentários:

Miilena Cazumbá disse...

teu texto prende hein...muito bom...sucesso,passa lá> http://mikzumba.blogspot.com/

Luria Corrêa disse...

Eu já escrevi tanto isso :l E nunca me canso de ler cartas que remetem esta tristeza , e por traz tamanho amor. Acho fascinante este poder . Belo post, adorei.

beijos.

Elania Costa disse...

Obg girls pelos comentários.

Projeto Créativité disse...

aaaaaaaaahh o.o
caramba, eu quase engasguei na hora quando li "matei seu pai", uhauhauua ;OOO uau, rsrs