Depois do acidente minha vida nunca mais foi a mesma. E você está de prova disso, você ficou do meu lado. O quão eu estava errôneo naqueles primeiros pensamentos, desconhecia todos estes mistérios que me tens apresentado ultimamente, uma vida diferente.
Você toca o espelho sem o seu reflexo no exato momento em que rabisco essas palavras em um papel amarelado, eu sei que você irá lê-lo e se perguntará se você fez o certo ao permanecer comigo. Mas querida Lilian, eu me sinto amado agora, posso ajudar almas a seguirem seus caminhos, só que eu me pergunto "Que assunto inacabado você tem pra ainda permanecer aqui?"
Eu perdi o teu cheiro no banco do carro, entre eu e a morte, eu perdi sua respiração quando teus olhos vidrados pararam e ficaram ali, minha perna presa ou o gotejar de sangue que escorria do meu braço não se comparava aquilo, eu te perdi. Eu perdi tua vontade imensa de mergulhar em todos os mares, ou a forma que se produzia pra qualquer festa em frente a um espelho, o mesmo em que você olha agora, com aquele olhar desolador. Eu queria teu abraço. E então eu me pergunto "Será que ainda vou viver mais que isso?"
Tua presença, mesmo que não física, me lembram isso todo o dia, o acidente nos modificou de formas variadas. Eu preciso, você necessita, nós não queremos, mas é o correto. Desapegar-se, entregar-se. Seguir.
Querida Lilian, hoje eu tenho um encontro com a doce Silvia do trabalho, ela não se compara a você, claro, mas eu posso viver e espero que você resolva o seu assunto inacabado. E desapegue-se desse estado no limbol, siga, me deixe seguir. Me deixe fazer o que mais sei agora, fazer com que todos que ficam, sigam.
Eu amarei sempre você.
Com carinho, Julian.
Um comentário:
66º Edição Cartas ; Bloínquês ; 2º lugar.
Postar um comentário