- Ahn. Oi. - ele disse, dando um leve sorriso e eu vi algumas rugas em seus olhos. Sorri em resposta, pedindo que entrasse.
- Selena, não vou demorar muito. Ahn...Você estava dormindo? - olho para baixo e vejo que estou com o pijama, que havia me esquecido no momento em que vi seu rosto na porta.
- Não, só estava deitada. - digo, balançando a cabeça.
- Ótimo. Espero que você se arrume rápido. Quero que você faça um favor pra mim. É...Poderia fingir ser minha namorada por uma noite? - aquela pergunta me pegou de surpresa, fiquei parada olhando seu rosto, vendo o piercing em sua sombrancelha se sobressaltar.
- CHUCK. - grito, reagindo finalmente. Aquilo era uma loucura, mas mesmo assim meu coração não entendeu e dava pulos em meu peito.
- Prometo que será só hoje. Eu, é, eu preciso de sua ajuda Selena. - repenso seu pedido, mas ainda assim nego interiormente. Eu não podia. Não podia fingir ser sua namorada, enquanto meus braços clamavam pelos deles, enquanto a dúvida percorria minhas veias. Fazendo-me querê-lo e ao mesmo tempo, fazendo esquecê-lo. Porque eu tinha o Bernardo. Eu O tinha.
- Não posso. - respondi por fim. Sua expressão ficou sombria e ele fechou a cara, caminhando para a porta. Eu não me virei quando ele passou por mim. - Sabe, você nunca me perguntou porque eu comparei sua perda da flauta com a venda de um piano. - Ouvi seus passos silenciarem, sabia que ele segurava a maçaneta da porta, engoli em seco, fechando os olhos.
- Eu sei Selena. Eu sempre soube porque você falou aquilo. Você era muito boa no piano, era sua companhia. Quando você ia para a sala de música eu a acompanhava e via você tocá-lo. Eu sempre soube a respeito do seu piano, por isso você sofreu tanto com a perda do Dean. Por isso... - ele para de falar, ouço sua respiração aumentar de volume, queria me virar e abraçá-lo, mas me segurei ali.
- Tudo bem. É só uma noite. Argh. Espera, vou me arrumar. - não olhei pra ele. Corri em direção ao quarto e escolhi uma roupa aleatória, mas no momento em que a vesti, vi qual era. A roupa da última noite que ficamos juntos, bem.
Me maquiei rapidamente e calcei um all star rosa. Passei perfume, me arrependendo na hora, pois era o mesmo que usava quando estava com ele.
- Selena?
- Já estou... - ele estava parado na porta do quarto, me encarando, estupefado. - indo. - sorri.
- Você é...você está linda. - ele vinca a testa e desvia o olhar, como se lembrasse da ocasião em que eu estava com aquela mesma roupa. - Vamos? - ele chama e sai deixando a porta aberta. Dou de ombros e o sigo.
- Agora você pode me explicar porque eu tenho que fingir ser sua namorada essa noite? - pergunto quando já estamos dentro do carro. Ele me olha, observo o modo dos seus olhos e estremeço. Era a maneira que ele me olhava quando sentia saudades, quando queria me abraçar...quando queria me beijar delicadamente, dessa vez eu desviei o olhar e encarei o espelho retrovisor.
- Não é nada de importante. É que é um encontro de casais e eu não queria estar só. Sabe. Você só me fará companhia. - ele responde e dirige em alta velocidade como de costume.
- Só não entendo, por que eu? - pergunto baixinho, ele diminui a velocidade e tenho certeza que ouviu minha pergunta.
- Porque nós dois juntos ninguém desconfia de que não somos namorados. Parece...uma...
- Conexão. - completo.
- Isso. Selena, eu... - eu prendo a respiração, esperando ele continuar, mas meu celular toca. Era Bernardo...
(continua)
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